quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

lua nova


9 x 4 = 36. Certo? Errado. Na matemática da gestação nem sempre dois mais dois são quatro. Depende, é de lua. Rapidinho reaprendi a somar. Não fosse assim como explicar porque diabos na conta do médico o bebê teria sido gerado naquela viagem que fiz sozinha, um mês antes do teste ter dado positivo? Calendádrio lunar, eis a resposta. Bebê não ganha calendário na virada do ano. Eles se viram com influencias lunares. Daí é que assim como as marés, as grávidas avançam com a lua. Bonito né? Eu acho. Então toda vez que olharem pro céu e verem uma lua nova, sintam-se a vontade para comemorar o aniversário do bebê. Essa semana ele completa o equivalente a vinte luas, o que eu traduzo por cinco meses. Convenções medonhas essas. Quando completar quarenta delas, um pouco antes talvez, é que é chegado os nove meses. Me dá certo pânico imaginar que mal alcançada a metade do percurso, além do horizonte, de concreto apenas enxergo minha barriga. Barriga que já esconde pés, pés que já tentam se mostrar insinuando inchaços. daí ao invés de arribá-los, tenho que mantê-los bem no chão. Aderí-lo a superfície para que o tempo possa correr, mas não voar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

enfim,

hoje cederam o lugar pra mim no ônibus, mas eu recusei. Estranhei a gentileza e duvidei que fosse pela barriga, devia ser um surto de boa vontade. Até que uma outra senhora mais velha ofereceu-me seu acento. Permaneci em pé, impressionada com o fato inédito de deixar de ser gorda pra ser grávida. Desde que me fantasiei de grávida-almodóvar numa festa na sexta passada tenho experimentado esse reconhecimento súbito. Mas parece que desde então a barriga de verdade quer imitar a postiça. Assim como as portas e os sorrisos se abriam, veio a consagração final, a cereja no sorvete, o pinguim na geladeira: o assento do metrô.

passista de barriga

hoje faz vinte e sete anos que o pai escapuliu da barriga de sua mãe. Vinte e sete anos que ele também foi um feto-bebê, que talvez também ainda nem nome tivesse. Fico imaginando ele lá no casulo de quem daqui a poucos meses será avó: ele já grande, no escuro e entre líquidos, como ele mais gosta. Aquario dentro de peixes. E daí fico pensando como será ser um pequeno na barriga em épocas pré-carnavalescas, e mais ainda, em como será ter um barrigão nesse calor!!! Daí vou agradecendo a cada avanço do meu bichinho, que se mede pelo meu umbigo cada vez mais raso. 'Onde queres quaresma, fevereiro'. Não tem jeito. O fato é que sinto que tenho um pequeno folião aqui dentro, que já vai ensaiando seus primeiros passos no solo da minha barriga. Enquanto ele vai fazendo seu pequeno carnaval, quem entra em extase sou eu. Sentada em frente ao computador este carnaval dá sinais de ser o mais inesquecível desses meus também 27 anos. Por enquanto...